A mentira no divã
- Maria Carolina Passos
- 13 de ago.
- 1 min de leitura

À luz da psicanálise, a mentira pode ser entendida como muito mais que uma distorção ou um ato de falsidade, mas como uma estratégia de sobrevivência psíquica. Um labirinto de becos sem saída que o sujeito ergue em seu discurso pra se proteger de uma verdade que o habita e atormenta.
A mentira não é apenas para o outro; é, acima de tudo, para si. Um autoengano que permite coexistir com desejos que assustam, culpas que pesam, idealizações que sufocam, ou mesmo a vergonha de ser quem realmente se é. Mentir é uma forma que o inconsciente encontra de sinalizar: "aqui a realidade é perigosa demais".
Mentimos para o mundo. Mentimos para preservar nossa imagem. Mentimos pra nos encaixar em ideais que não nos pertencem. E, por vezes, essas mentiras podem se transformar em formas de autossabotagem, comprometendo nossos próprios passos - não à toa se diz que a mentira tem pernas curtas - inclusive na análise.
A mentira no divã se apresenta em sua forma mais pura: não como um erro ou desvio de caráter, mas como um gesto sintomático. O que e como o paciente conta, o que omite, o que distorce, do que se esquiva… tudo isso é material de trabalho.
No trajeto da análise, cada mentira é uma porta que, uma vez aberta e olhada sem julgamento, revela não só o que se esconde, mas também aquilo que a mentira tenta guardar e que, de alguma forma, está à espera de ser descoberto.
😶🌫️ O que você precisa esconder dos outros e de si mesmo pra poder viver?




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