E a Neurociência?
- Maria Carolina Passos
- 15 de jul.
- 1 min de leitura
Durante muito tempo, o diálogo entre neurociência e psicanálise parecia impraticável. Enquanto uma se apoia em dados mensuráveis e imagens cerebrais, a outra mergulha no invisível da palavra, no que escapa ao controle do eu.
Mas negar o inconsciente nunca fez calar seus efeitos. E, curiosamente, foi o avanço da própria neurociência que começou a abrir brechas pra retomar essa conversa.

Pesquisas em neuroplasticidade e memória implícita, por exemplo, vêm confirmando processos psíquicos que a psicanálise descreve há décadas! Sem utilizar jargões, podemos simplesmente dizer que, para ambas abordagens: existe em nós um saber que não sabemos que sabemos - e que insiste em se manifestar.
Claro, são campos com éticas, métodos e objetos distintos. A psicanálise não busca validar-se pela via do empírico. Seu compromisso é com o sujeito do desejo, não com a molécula. Mas isso não impede que o encontro aconteça, especialmente no campo da pesquisa.
Não um encontro colonizador, em que uma ciência deva justificar ou submeter a outra. Mas um encontro fecundo, em que as tensões entre causalidade e sentido, entre o biológico e o simbólico, entre o orgânico e o psíquico, possam gerar novas perspectivas de pensar o humano como um todo.
Afinal, o cérebro funciona, mas o sujeito fala. E, a meu ver, talvez seja nessa fenda - entre o que dispara e o que significa - que haja espaço para uma verdadeira interlocução.
🧠 O que você acha: dá pra pensar o inconsciente sem cérebro? E o cérebro, sem o indivíduo?




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