Freud implica x Freud explica
- Maria Carolina Passos
- 14 de out.
- 1 min de leitura
Quando dizemos o famoso “Freud explica”, remetemos a uma explicação causal: um trauma, um rótulo ou um motivo que, de certa forma, isenta do peso dos sintomas. É a esperança de que o saber sobre o inconsciente nos entregue a chave da nossa prisão, transformando a análise numa muleta confortável. Mas por que diríamos Freud implica?
É que a psicanálise não se propõe a “explicar” o sujeito - não como quem decifra um enigma e entrega o sentido correto. E sim a implicá-lo naquilo que o constitui, especialmente no que nele escapa à razão e à vontade.
Implicar é ser convocado à responsabilidade pela sua relação com o mundo e o que te aflige. É desapegar da ilusão de um saber externo que te salve, confrontando a si mesmo com o que faz (ou deixa de fazer) com o que te aconteceu.

Na clínica, isso se traduz no deslocamento do “por que isso me acontece?” para o “qual é o meu lugar nisso que se repete?” Não é o analista quem explica o sujeito, mas quem conecta, interpreta e facilita para que, implicado, o sujeito se encontre (ou se estranhe) em seu próprio discurso. Aí reside o motor da autonomia em análise.
Afinal, será que adianta estar com a terapia "em dia" e constantemente desviar da realidade, deixando de se implicar na criação da SUA própria liberdade?! 🤔




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