Medo ou fobia: quando o corpo congela só de imaginar
- Maria Carolina Passos
- 8 de jul.
- 2 min de leitura

Desde criança, convivo com a fobia de agulha. Não é "só não gostar", e "não olhar" definitivamente não resolve. O pânico surge de dentro, uma sensação desesperadora de invasão sem escapatória que vai muito além do medo e da percepção de dor física - mesmo sabendo que é "só uma picadinha".
Felizmente, de uns anos pra cá, venho conseguindo encarar vacinas e exames sem tanto terror. Nesse caminho tive um empurrãozinho da psiquiatria, mas reconheço o quanto a escuta psicanalítica que me permitiu nomear esse sofrimento e localizar os sentidos inconscientes por trás desse ‘medo do medo’.
Com o avançar da idade, confesso que desenvolvi um certo medo de altura, mas a diferença é muito clara: ele desconforta, mas não paralisa. Quer preservar, sem colapsar. Dá pra conviver. É medo, não fobia.
🔎 A psicanálise não enxerga a fobia apenas como um medo exagerado e incompatível com a realidade, mas como a manifestação de uma angústia deslocada; uma defesa estruturada diante de algo mais profundo e indizível.
O objeto fóbico (agulha, avião, cobra…) serve como ponto de ancoragem para um afeto que não encontra outro lugar pra se alojar. Por isso, o pânico que parece irracional carrega, sim, um sentido - inconsciente.
🫥 A clínica não busca eliminar sintomas a qualquer custo, mas escutar o que eles dizem de quem sofre. A fobia, como qualquer sintoma, é também uma tentativa (falha, mas engenhosa) de tratar o que não pôde ser simbolizado. E por isso mesmo merece ser escutada com delicadeza e profundidade.
💬 Você sabe diferenciar medo e fobia em si mesmo(a)? Sente que tem reações desproporcionais a certas situações, sem entender muito bem por quê?
Talvez exista aí um bom ponto de partida pra uma escuta analítica!
Comments