Quando a escuta precisa ser compartilhada
- Maria Carolina Passos
- 10 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de abr.
Na clínica, há momentos em que o trabalho do psicanalista precisa dialogar com outros saberes. E não, isso não significa abrir mão da escuta psicanalítica, mas sim reconhecer complexidades que, por vezes, pedem o envolvimento de diferentes especialidades para um cuidado mais integrado.
👩⚕️ Por exemplo: quando um paciente faz uso de medicação psiquiátrica, é valioso que haja trocas entre psicanalista e psiquiatra - cada um a partir do seu lugar, respeitando suas formações e escutas. Esse diálogo pode acontecer em diferentes formatos:
🔸 MULTIDISCIPLINAR: cada profissional atua de forma paralela, com objetivos próprios. Há trocas pontuais, mas sem uma real integração entre os saberes.
🔸 INTERDISCIPLINAR: aqui as fronteiras começam a se diluir. A escuta do psicanalista pode dialogar com o olhar do psiquiatra, de um neurologista ou até de um nutricionista, construindo hipóteses em conjunto, sem perder a singularidade de cada abordagem.
🔸 TRANSDISCIPLINAR: é quando os saberes se entrelaçam a ponto de criar algo novo, que vai além de cada especialidade. Um ideal potente, mas raro - exige tempo, confiança e muita ética entre os profissionais.

No dia a dia, a maioria dos atendimentos funciona de forma multidisciplinar ou interdisciplinar, mas a transdisciplinaridade pode surgir em pesquisas ou em contextos clínicos inovadores, que se propõem à criação de novos caminhos.
🔎 O mais importante é lembrar que o olhar clínico deve ser sempre individualizado, mantendo o foco no sujeito e na escuta daquilo que insiste, que retorna, que não cala - e que, em alguns casos, pode precisar de mais do que um par de ouvidos para ser acolhido.
Afinal, cuidar da mente é sempre um trabalho de presença, escuta e… relação.
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