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Você já tentou fazer cócegas em si mesmo?

  • Maria Carolina Passos
  • 24 de fev.
  • 2 min de leitura

Se nunca tentou se fazer cócegas, experimente agora! O mais provável é que não tenha sentido nada… bom, talvez sentiu-se um pouco bobo e, com isso, até abriu um sorriso.


Mas esse fenômeno tem fascinado filósofos e cientistas desde Aristóteles. A neurofisiologia tenta explicar isso com base no funcionamento dos circuitos neuronais. O cérebro, ao prever o toque, não gera a mesma resposta de riso quando somos nós mesmos a fonte do estímulo. É como se houvesse uma barreira natural à experiência de algo que já esperamos.


Esse mistério me fez pensar numa conexão com o funcionamento do nosso próprio pensamento. Assim como não conseguimos fazer cócegas em nós mesmos, muitas vezes não conseguimos organizar o que se passa em nossa mente, né? Temos uma infinidade de pensamentos e emoções, mas falta algo - algo que a simples introspecção não é capaz de proporcionar.


Aqui entra a terapia. A psicanálise, ao contrário da autoanálise, nos permite explorar nossa psique com o auxílio de outro. Essa troca é como as sinapses axoaxonais no cérebro - conexões diretas entre neurônios que formam caminhos rápidos e eficazes para a troca de informações. Quando falamos, somos capazes de formar novas conexões, reorganizar ideias e acessar sentimentos que estavam "escondidos". O papel do psicanalista, nesse processo, é ser o ponto de contato que facilita essas novas sinapses emocionais e cognitivas, permitindo que algo dentro de nós se reestruture de uma maneira que, sozinhos, talvez nunca conseguíssemos.


A psicanálise, ao contrário da autoanálise, nos permite explorar nossa psique com o auxílio de outro.

É nesse espaço que o conceito de TRANSFERÊNCIA se torna fundamental. Quando projetamos no terapeuta sentimentos do passado, ativamos caminhos neuronais que talvez estivessem bloqueados ou estagnados. A relação analisando-analista cria uma nova rede de pensamentos, possibilitando um movimento único de autoconhecimento.


Falar sobre si mesmo em terapia não é só um despejo de palavras e experiências emaranhadas - é um processo vivo, em que algo novo se elabora no encontro com o outro.


Fontes:

• Bartoszeck, F. K., Chang, Y. C., & Bartoszeck, A. B. (2007). Um possível papel da neurofisiologia básica na explicação da mente pela psicologia.

• Krebs, H. A., Weinberg, S. A., & Akesson, E. J. (s.d.). Introdução ao Sistema Nervoso e à Neurofisiologia Básica.

 
 
 

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